Organizações da sociedade civil e movimentos sociais lançaram no dia 27 de março, na Câmara dos Deputados, a campanha Pacote Anticrime, uma solução Fake, em resposta às medidas apresentadas em fevereiro pelo ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, que endurecem uma série de leis penais e processuais penais. Na avaliação das entidades, as alterações previstas nos projetos são inconstitucionais e ineficazes para reverter a crise da segurança pública no país.
O lançamento foi realizado no auditório Freitas Nobre, na Câmara dos Deputados, e contou com a presença de diversas organizações da sociedade civil, além de especialistas em segurança pública e ativistas. O evento também contou com participação de representantes dos movimentos sociais.
Propostas para a política criminal brasileira
Em fevereiro, o Instituto Brasileiro de Ciências Criminais (IBCCRIM), o Instituto de Defesa do Direito de Defesa (IDDD) e as Defensorias Públicas dos Estados do Rio de Janeiro e São Paulo lançaram uma carta, apoiada por 25 organizações, com diretrizes para a política criminal brasileira. No documento, produzido em resposta à divulgação do pacote “anticrime”, 11 propostas foram elaboradas, rebatendo pontos previstos no projeto de Sérgio Moro.
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As organizações defendem a criação de planos nacionais para a redução da população prisional, hoje com mais de 700 mil pessoas, e também dos homicídios, que chegaram a 62 mil em 2016, atingindo majoritariamente pessoas negras e pobres, índices que podem aumentar com as medidas propostas, tais como a flexibilização das regras para o porte de arma de fogo, sobretudo o índice de feminicídios.
O documento também indica a necessidade de se implementar medidas para a diminuição do número de civis mortos por agentes de segurança pública. De acordo com as entidades, ao ampliar as possibilidades da legítima defesa, o pacote “anticrime” pode aumentar a letalidade policial, que em 2017 motivou 19,5% dos assassinatos no Estado de São Paulo.
A carta também aponta as inconstitucionalidades das medidas propostas por Moro, como a aplicação de mecanismos negociais no sistema de justiça e a execução provisória da pena, que violariam o direito ao devido processo legal e à presunção de inocência. As organizações também veem como inconstitucionais as novas regras para a progressão de regime por ferirem o princípio de individualização das penas.
Conheça os conteúdos e materiais produzidos pelo IBCCRIM sobre o Pacote Anticrime
Nota técnica sobre o Pacote Anticrime
Boletim Especial I - Pacote Anticrime
Boletim Especial II - Pacote Anticrime