O ensino entre pedras e grades: Percepções sobre a educação escolar na penitenciária Lemos Brito
Autor: Daniel Fonseca Fernandes. | Esta pesquisa tem como tema a educação escolar em prisões. O marco teórico é composto pela tradição da criminologia crítica, em diálogo com pesquisas etnográficas em prisões. A pesquisa tem caráter empírico e qualitativo, utilizando técnicas de observação direta, como conversas informais e elaboração de diário de campo, tendo como problema as percepções de alunos e professoras sobre a educação escolar, no colégio situado na Penitenciária Lemos Brito, em Salvador/BA. A partir destas percepções, é possível afirmar que o colégio não se coloca como parte do mecanismo punitivo, mas busca se desenvolver de forma autônoma, garantindo o direito fundamental à educação aos indivíduos presos. Nos discursos dos alunos, há uma valorização do trabalho das professoras. As dinâmicas de escuta e estímulo à escrita, as possibilidades de ocupar e reduzir o tempo de encarceramento e as chances de capitalizar a imagem de bom preso perante a administração são benefícios concretos buscados pelos presos junto à escola. Por outro lado, a administração insere a escola no controle da disciplina, por meio da ameaça da perda dos “benefícios” e redução de espaço. Diante dos jogos complexos que a prisão impõe, o colégio é retratado como espaço potencial de “menos prisão”, que se contrapõe, em alguma medida, à submissão violenta e excludente do cárcere.