O IBCCRIM manifesta solidariedade e apoio a pesquisadores, pesquisadoras e instituições que, com seriedade e compromisso público, dedicam-se à produção científica na área da segurança pública e de política criminal — e que, nas últimas semanas, têm sido alvo de ataques e tentativas de desqualificação por parte de autoridades e agentes públicos.
Reiteramos que o debate público sobre segurança deve se sustentar em evidências e não em retaliações. A crítica fundamentada às políticas de letalidade, como as que resultaram nas recentes operações nos Complexos da Penha e do Alemão, no Rio de Janeiro, é parte essencial de uma sociedade democrática e plural. Nenhuma pessoa ou instituição deve ser silenciada por exercer o direito — e o dever — de questionar uma política de segurança que tem custado vidas e aprofundado desigualdades.
O Brasil conta com centros e institutos de pesquisa sérios, comprometidos com o rigor metodológico e com o interesse público, que fornecem diagnósticos precisos sobre a ineficácia e os impactos das atuais políticas de segurança. Ignorar essas evidências em nome de agendas punitivas e discursos de confronto apenas perpetua um ciclo de violência que não enfrenta as verdadeiras causas da criminalidade: a desigualdade social, a pobreza e a falta de acesso a direitos fundamentais garantidos pela Constituição Federal.
A segurança pública precisa de políticas consistentes, baseadas em dados e em avaliações técnicas sobre o que deu ou não certo, que priorizem a prevenção, a investigação qualificada e o uso inteligente e coordenado das forças e instituições de segurança. O endurecimento de políticas repressivas sem o devido investimento em garantias mínimas de direitos, redução de desigualdades e promoção de oportunidades e justiça apenas reforça um modelo ineficaz e excludente. É uma tarefa urgente — não apenas para o futuro, mas para o presente e para as gerações que hoje vivem sob o medo e a insegurança.
O IBCCRIM reafirma seu compromisso com o fomento à pesquisa científica e ao debate crítico nas Ciências Criminais, que abrangem a política criminal e a segurança pública. Nosso papel é contribuir para o desenvolvimento de políticas efetivas, baseadas em evidências e comprometidas com os direitos fundamentais.